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Posts Tagged ‘sitcom’

Estou firme e forte na tentativa de fazer um post por dia da semana. Mesmo que o meu computador não esteja colaborando muito. Às vezes desejo uma máquina de escrever. Aí eu podia colocar suspensório e escrever romances policiais.

Seinfeld

Seguinte: quem já tem certa idade ou certo conhecimento sobre entretenimento de verdade sabe muito bem o que foi (e quem é) Seinfeld. Mas sei que muitos que visitam esse blog não se encaixam na categoria acima. Sem ofensa. Uso como exemplo amigos meus que freqüentam este espaço não tão democrático.

Seinfeld surgiu da parceria de dois comediantes, Jerry Seinfeld e Larry David. Os dois queriam fazer um “show sobre nada”. E escreveram Seinfeld baseando-se em si mesmos.

Foi uma sitcom revolucionária. Não à toa, Seinfeld é considerado por muitos como pós-moderno. Quem puxar pela memória pode lembrar que as sitcoms de antigamente eram centradas em famílias, como Full House (Três é Demais). Essas sitcoms tinham algo que prendiam as personagens juntas. Era necessário uma explicação para o que estava acontecendo. O tal “show sobre nada” mudou isso. Os personagens de Seinfeld não tinham motivo para estarem juntos por tanto tempo que não fosse a amizade entre os próprios. Na verdade, nem mesmo a amizade. Kramer por exemplo é o vizinho de Jerry e eles não tem realmente uma amizade. Kramer é um folgado do qual Jerry não consegue se livrar. Depois isso levou a uma amizade (nada do tipo Frodo e Sam, mas algo Seinfeldiano).

É uma série niilista com personagens extremamente egocêntricos. Provavelmente por uma junção dessas duas qualidades, no show não há o uso de Pathos (apelo para as emoções da audiência. O momento “Ohh, tadinho”). O que foi chamado por “no hugging, no learning”. Resumindo, não há lição moral aprendida pelos personagens em momento algum. Mesmo em situações graves do nível de Brothers and Sister, Everwood, ER ou o diabo a quatro, você não irá sentir pena. Em momento algum.  Não é nada do tipo daqueles desenhos onde seres bonitinhos como ursinhos de pelúcia se matam, estripam, mutilam-se e você fica dando risada. Não isso é doentio – sério, se você é uma dessas pessoas vá buscar ajuda profissional, pois rir da cara de alguém sendo mutilado significa apenas uma coisa: Serial-Killer. E o cara que fica rindo disso num desenho é um serial-killer enrustido. Se eu pareci meio Fredric Wertham no seu “Seduction of the Innocent” por favor me avise para EU buscar ajuda profissional.

Resumindo a importância de Seinfeld: sem Seinfeld estaríamos presos a sitcoms como Três é Demais, Minha Família é uma Bagunça, The Fresh Prince of Bel-Air (Maluco no Pedaço) e tal. Nada contra essas séries. Mas não existiria Friends, How I Met Your Mother, The Big Bang Theory e todas as séries que são, de um jeito ou de outro, sobre nada. Seinfeld criou liberdade para os roteiristas criarem. Inclusive deu a liberdade para os criadores falarem sobre coisas “polêmicas”. Enquanto as outras séries tocavam de leve em problemas da sociedade, Seinfeld tomou um rumo mais a la Woody Allen. Seinfeld pega as neuroses das pessoas e a cutuca com uma vara como se fosse um cachorro morto no acostamento da estrada.

Mas o melhor de tudo é que Seinfeld é muito engraçado. Você ri de você mesmo muitas vezes. Os episódios simplistas caem como luva na nossa vida real. Quantas vezes você vai contar algo engraçado para seu amigo e começa dizendo “estávamos todos indo para o programa da Oprah para sermos entrevistados quando…”? Mas você com certeza já contou algo do tipo “passamos horas esperando uma mesa num restaurante chinês e…”. Isso foi idéia de Larry David que queria que os personagens e as situações permanecessem plausíveis sempre.

Os personagens são Jerry Seinfeld (representado pelo próprio), George Constanza (inspirado em Larry David, mas personificado com maestria por Jason Alexander), Elaine Benes (ex-namorada de Jerry representada por Julia Louis-Dreyfus) e Cosmo Kramer (Michael Richards). Diferente de muitas sitcoms, aqui não tem personagem sem graça ou legalzinho. Todos são muitos engraçados. Tenho a tendência a achar os coadjuvantes mais engraçados e aqui não e diferente para mim. O que não significa que Jerry não seja engraçado. É que comparado a George, Kramer e Elaine qualquer um fica menos engraçado.

Talvez pelo sucesso de George, Kramer e Elaine “surgiu” a “maldição de Seinfeld”. Essa chamada maldição era que nenhum dos três conseguiu emplacar outra série de comédia. Todos tentaram, mas eram sempre canceladas logo no inicio. Larry David disse que a idéia da maldição era ridícula e que o problema é que é muito difícil emplacar uma sitcom bem sucedida. De certa forma ele esta certo. Porém, os atores com certeza ficaram preocupados com isso. Quem conseguiu fugir da tal maldição foi Julia Louis-Dreyfus com The New Adventures of Old Christine (que eu não acho nem bom, nem ruim. Minha namorada, por outro lado adora). Julia, ao ganhar um Emmy por The New Adventures of Old Christine, disse “não sou de acreditar em maldições, mas amaldiçoe isto, baby!”.

Ok. Ficou mais longo do que eu planejei. E olha que não dei um spoiler sequer (tirando o da espera duma mesa num restaurante chinês). Mas quem não conhece, por favor faça-me o favor (juro que não foi planejado), e vá ver. É a melhor série de comédia que já vi em toda minha mísera existência.

Para quem gosta do estilo de Seinfeld fica a dica de Curb Your Enthusiasm, de Larry David e estrelado pelo próprio.

Ah, these pretzels are makin’ me thirsty.

Como não poderia deixar de ser, vídeos:

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